Essa semana foi o 'auge da glória' para o Deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ). Apareceu segunda no CQC, da Band, falou besteira como de costume, e depois virou hit na internet: entrou para os trending topics do Twitter, foi notícia em praticamente todos os sites. O motivo, a resposta que deu para uma pergunta da cantora Preta Gil, que questionou como o nobre deputado reagiria se seu filho namorasse com uma negra. Houve uma confusão na interpretação da pergunta, e Bolsonaro soltou a pérola seguinte: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu”.
Acredito, sinceramente, que o deputado se enganou na resposta. Mesmo existindo uma grande possibilidade de ele ser racista em seu íntimo, não seria idiota a tal ponto de declarar isso em TV aberta para milhões de telespectadores, sabendo da punição que o crime de racismo acarreta. Bolsonaro confundiu-se com o tema da pergunta anterior, relacionado a questões homossexuais. Aí ele destila todo seu veneno. Não poupa críticas aos movimentos que pedem direitos ao gays e diz que está se lixando para eles, mesmo alegando, pásmem, não ser homofóbico.
Ok. É o Bolsonaro, quem tá acostumado com ele, não se espanta. Mas eis que surge o Deputado/Pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Numa demonstração de toda sua grande sabedoria antropológica e do surgimento dos povos humanos, ele disse que, aspas: "Africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé. Isso é fato.", mais: "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc", e pro raciocínio ficar redondinho: "a maldição q Noe lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, dai a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Mas alegrai-vos, povo africano, porque tudo se resolve através da conversão!
O iluminado também disse que gays tem "podridão de sentimentos", que "levam ao ódio, ao crime e à rejeição". Mas não se engane, irmão e irmã, porque o deputado afirmou com todas as letras que é cristão, e ama os gays. Assim como o Bolsonaro, ele não é homofóbico. Segue "a risca" o mandamento de Jesus, que nos orientou amarmos uns aos outros assim como Ele nos amou. Imagino como Jesus deve estar se sentindo bem representado.
A maior tristeza no caso desses dois seres humanos é a quantidade de pessoas que apóiam suas ideias. Tanto Bolsonaro quanto Feliciano foram eleitos com grande quantidade de votos, mas não fica por aí. Na internet, quem repara nos comentários das notícias envolvendo as duas figuras, percebe a quantidade de apoiadores, alguns inclusive sugerindo que Jair Bolsonaro se candidate à Presidência da República. Pobre Brasil.
Não se questiona o direito de livre expressão de ideias, a liberdade de se dizer aquilo que pensamos. Mas existem limites pra tudo. Existem os limites definidos por lei (racismo), e aqueles que lei nenhuma precisa definir, referentes a tal 'vida dos outros', com a qual tanto nos importamos. Disso o bom senso deveria cuidar. Penso com meus botões que o mais importante numa lei proibitiva não é a punição que ela acarreta, mas sim a reflexão sobre a tolerância e o respeito às diferenças. Não vou ser preconceituoso com um negro só porque a lei proíbe o preconceito? Não, de fato, eu não tenho nenhum preconceito com as pessoas de pele negra. O mesmo vale para os gays, deficientes, e etc.
Bolsonaro e Feliciano não são só preconceituosos e ultrapassados, mas são irresponsáveis. "Animam" uma plateia de cidadãos ultraconservadores, que, por sua vez, motiva seus animadores para novas exposições de ódio ao diferente. Um círculo vicioso.
Para eles, pensar, nem pensar.
Um comentário:
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