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Charge: Amarildo (amarildo.com.br) |
No último final de semana, aconteceu um espetáculo sofrível pro nosso país tropical. A visita do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi tratada como um evento de outro mundo superior ao nosso, algo histórico. Deu impressão de que o visitante era Deus em pessoa, e não um presidente de uma nação parceira.
Longe de mim ser anti-americano, e por esse motivo repudiar a visita de Obama, ou perder meu tempo sagrado com um protesto pelo fechamento da prisão de Guantánamo ou pelo fim dos ataques à Líbia. Mas eu não consigo entender o Brasil. Não só o governo, mas a imprensa em geral, que defende que nós brasileiros nos relacionemos de igual para igual com os americanos.
O que se viu, longe de igualdade, foi a mesma submissão de sempre. O aparato de segurança que envolveu Obama pode até ser necessário, e é na verdade, mas foi exagerado e constrangedor pro Brasil. Só faltaram revistar a Dilma pra ver se ela não tinha nenhuma arma pronta pra atacar The President.
Nos discursos de Obama, muitos elogios e afagos ao Brasil, coisas que já se ouviu muitas vezes antes, mas que aparentemente só agora, por terem saído da boca dele, é que foram percebidas. Aumento da classe média, democracia consolidada, economia em crescimento... Teve gente que descobriu que a Olimpíada de 2016 vai ser no Rio porque Obama disse que viria pra ver os jogos. Eu não duvido!
E no meio de tanto blá blá blá, nada do que interessa ao Brasil. A eliminação dos vistos para facilitar o turismo entre os dois países? Nada. Brasil no Conselho de Segurança da ONU? Deixa pra outra hora. Os EUA querem é vender mais pro Brasil e recuperar o espaço perdido para a China.
Engraçado era ver o sorriso forçado dos repórteres fazendo a cobertura da visita pela TV. Senti vergonha alheia, sinceramente. E o alarde pelo "discurso ao povo brasileiro", com direito a chamada no Domingão do Faustão, que acabou não acontecendo na Cinelândia pelo receio da falta de público. Trágico.
O Brasil potência econômica mundial mega ultra power já pode ser uma realidade. Temos condições de crescer ainda mais, com desenvolvimento sustentável e gestão pública eficiente. Falta a gente se dar conta disso, e ter mais amor próprio. Igual diziam por aí: Yes, we can!