Made in São João
Um pouco de tudo
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Os gatinhos
Quem diria, que uma simples postagem sobre uma raça de gatos (Maine Coon) renderia visualizações deste blog até hoje, tanto tempo depois que parei de postar nele... Mas que são uma fofura, isso são!
sábado, 30 de julho de 2011
Estou a ler José Saramago
Sempre tive a curiosidade de ler algum livro de José Saramago, aclamado escritor português, ganhador do Prêmio Nobel da Literatura. Por obra do acaso, encontrei "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" exposto na Biblioteca da Univali esses dias atrás e peguei para ler.
De cara, o que assusta um pouco é a exigência contida nas primeiras páginas: "Por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em Portugal." Isso porque, como nós tupiniquins não nos expressamos totalmente com as mesmas palavras que os irmãos de língua, fato constatado, convém observar, ser comum para quem faz downloads na internet, perceber as opções de idioma geralmente separadas em Português (Portugal) e Português (Brasil). Desse modo, é útil ler "O Evangelho" acompanhado de um bom (ou ótimo) dicionário.
Começando a leitura, qualquer leitor que estiver atento vai perceber que alguma coisa habitual está faltando. Uma só não, mas algumas. Um ponto final, sim, um ponto que termine um oração e comece outra, geralmente demora a aparecer. Saramago tinha um estilo próprio e diferente dos demais escritores. Construía suas orações/frases separadas por vírgula, ou, caso eu esteja enganado na análise sintética, construía orações gigantescas.
E não para por aí. Saramago não tinha por costume começar um novo parágrafo cada vez que a ideia do último seguia um novo foco. A essa função ficou encarregado o ponto. Nas muitas vírgulas e poucos pontos que se formaram os grandes parágrafos.
O que mais dificulta a leitura, porém, é o fato de que os diálogos entre os personagens acontecem também separados apenas por vírgulas. Quer saber quando alguém está falando? Uma letra maiúscula denuncia. Quer saber QUAL dos personagens está falando? Uma nova letra maiúscula vai lhe mostrar que um terminou a fala para o outro começar a dele. Nada de nova linha, parágrafo, travessão, e aquilo tudo que você aprendeu na escola. Esqueça. Ou melhor, não esqueça, por que você não é José Saramago.
Uma coisa é certa: pra quem gosta de frases de efeito, "O Evangelho" é um ótimo livro. Saramago sabia usar as palavras, era gênio mesmo, não tem como duvidar. A dúvida, aliás, é uma constante, caso você, como eu, acredite em Deus e seja cristão. Está aí outro ponto, o que mais causou polêmica do livro de Saramago: a versão da história de Jesus Cristo, totalmente diferente daquela que estamos habituados, a que se encontra na Bíblia Sagrada.
Saramago, comunista e ateu, usou a razão nua e crua para contar a vida de Jesus, uma visão própria da época, de tempos e costumes longínquos, com a qual se torna difícil acreditar nos pormenores românticos e sentimentais presentes na Bíblia. Maria, por exemplo, é vista como uma mulher submissa e constantemente inferiorizada, até pelo próprio filho Jesus. E ironizou a figura de Deus, criando uma espécie de tirano onipotente, onisciente e onipresente.
Certeza temos nesta vida que a morte virá, e também que mexer com religião é arrumar encrenca. Logo, Saramago havia conquistado a inimizade de peso da Igreja Católica. Mas vale a pena ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", talvez até pelo último motivo.
De cara, o que assusta um pouco é a exigência contida nas primeiras páginas: "Por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em Portugal." Isso porque, como nós tupiniquins não nos expressamos totalmente com as mesmas palavras que os irmãos de língua, fato constatado, convém observar, ser comum para quem faz downloads na internet, perceber as opções de idioma geralmente separadas em Português (Portugal) e Português (Brasil). Desse modo, é útil ler "O Evangelho" acompanhado de um bom (ou ótimo) dicionário.
Começando a leitura, qualquer leitor que estiver atento vai perceber que alguma coisa habitual está faltando. Uma só não, mas algumas. Um ponto final, sim, um ponto que termine um oração e comece outra, geralmente demora a aparecer. Saramago tinha um estilo próprio e diferente dos demais escritores. Construía suas orações/frases separadas por vírgula, ou, caso eu esteja enganado na análise sintética, construía orações gigantescas.
E não para por aí. Saramago não tinha por costume começar um novo parágrafo cada vez que a ideia do último seguia um novo foco. A essa função ficou encarregado o ponto. Nas muitas vírgulas e poucos pontos que se formaram os grandes parágrafos.
O que mais dificulta a leitura, porém, é o fato de que os diálogos entre os personagens acontecem também separados apenas por vírgulas. Quer saber quando alguém está falando? Uma letra maiúscula denuncia. Quer saber QUAL dos personagens está falando? Uma nova letra maiúscula vai lhe mostrar que um terminou a fala para o outro começar a dele. Nada de nova linha, parágrafo, travessão, e aquilo tudo que você aprendeu na escola. Esqueça. Ou melhor, não esqueça, por que você não é José Saramago.
Uma coisa é certa: pra quem gosta de frases de efeito, "O Evangelho" é um ótimo livro. Saramago sabia usar as palavras, era gênio mesmo, não tem como duvidar. A dúvida, aliás, é uma constante, caso você, como eu, acredite em Deus e seja cristão. Está aí outro ponto, o que mais causou polêmica do livro de Saramago: a versão da história de Jesus Cristo, totalmente diferente daquela que estamos habituados, a que se encontra na Bíblia Sagrada.
Saramago, comunista e ateu, usou a razão nua e crua para contar a vida de Jesus, uma visão própria da época, de tempos e costumes longínquos, com a qual se torna difícil acreditar nos pormenores românticos e sentimentais presentes na Bíblia. Maria, por exemplo, é vista como uma mulher submissa e constantemente inferiorizada, até pelo próprio filho Jesus. E ironizou a figura de Deus, criando uma espécie de tirano onipotente, onisciente e onipresente.
Certeza temos nesta vida que a morte virá, e também que mexer com religião é arrumar encrenca. Logo, Saramago havia conquistado a inimizade de peso da Igreja Católica. Mas vale a pena ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", talvez até pelo último motivo.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Comparação de aberturas - "O Astro"
Estreou ontem a "novela das 11" da Globo, O Astro. Como a primeira versão já passou faz um bom tempo, muita gente não sabe que se trata de um remake. Em 1977, Francisco Cuoco era "o astro" da novela de Janete Clair, vivido hoje por Rodrigo Lombardi.
Abaixo, a abertura de cada versão, com a feliz ideia de repetir a música de João Bosco, Bijuterias. É claro, nem se comparam os efeitos especiais, mas ambas são bonitas, e a nova certamente é uma das melhores do ano. Faltou um destaque maior para o nome da autora, a "Nossa Senhora das 8" Janete Clair.
Abaixo, a abertura de cada versão, com a feliz ideia de repetir a música de João Bosco, Bijuterias. É claro, nem se comparam os efeitos especiais, mas ambas são bonitas, e a nova certamente é uma das melhores do ano. Faltou um destaque maior para o nome da autora, a "Nossa Senhora das 8" Janete Clair.
O Astro (1977)
O Astro (2011)
sexta-feira, 29 de abril de 2011
O fim está próximo - Harry Potter
Saiu o trailer da segunda parte de "Harry Potter e as Relíquias da Morte", previsto para estrear dia 15 de julho. Pra quem é fã como eu, simplesmente emocionante. E vem aquela tristeza de uma despedida... Pergunto: o que será de nós sem Harry Potter?
domingo, 3 de abril de 2011
Sobre Bolsonaro, Feliciano e afins
Essa semana foi o 'auge da glória' para o Deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ). Apareceu segunda no CQC, da Band, falou besteira como de costume, e depois virou hit na internet: entrou para os trending topics do Twitter, foi notícia em praticamente todos os sites. O motivo, a resposta que deu para uma pergunta da cantora Preta Gil, que questionou como o nobre deputado reagiria se seu filho namorasse com uma negra. Houve uma confusão na interpretação da pergunta, e Bolsonaro soltou a pérola seguinte: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu”.
Acredito, sinceramente, que o deputado se enganou na resposta. Mesmo existindo uma grande possibilidade de ele ser racista em seu íntimo, não seria idiota a tal ponto de declarar isso em TV aberta para milhões de telespectadores, sabendo da punição que o crime de racismo acarreta. Bolsonaro confundiu-se com o tema da pergunta anterior, relacionado a questões homossexuais. Aí ele destila todo seu veneno. Não poupa críticas aos movimentos que pedem direitos ao gays e diz que está se lixando para eles, mesmo alegando, pásmem, não ser homofóbico.
Ok. É o Bolsonaro, quem tá acostumado com ele, não se espanta. Mas eis que surge o Deputado/Pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Numa demonstração de toda sua grande sabedoria antropológica e do surgimento dos povos humanos, ele disse que, aspas: "Africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé. Isso é fato.", mais: "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc", e pro raciocínio ficar redondinho: "a maldição q Noe lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, dai a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Mas alegrai-vos, povo africano, porque tudo se resolve através da conversão!
O iluminado também disse que gays tem "podridão de sentimentos", que "levam ao ódio, ao crime e à rejeição". Mas não se engane, irmão e irmã, porque o deputado afirmou com todas as letras que é cristão, e ama os gays. Assim como o Bolsonaro, ele não é homofóbico. Segue "a risca" o mandamento de Jesus, que nos orientou amarmos uns aos outros assim como Ele nos amou. Imagino como Jesus deve estar se sentindo bem representado.
A maior tristeza no caso desses dois seres humanos é a quantidade de pessoas que apóiam suas ideias. Tanto Bolsonaro quanto Feliciano foram eleitos com grande quantidade de votos, mas não fica por aí. Na internet, quem repara nos comentários das notícias envolvendo as duas figuras, percebe a quantidade de apoiadores, alguns inclusive sugerindo que Jair Bolsonaro se candidate à Presidência da República. Pobre Brasil.
Não se questiona o direito de livre expressão de ideias, a liberdade de se dizer aquilo que pensamos. Mas existem limites pra tudo. Existem os limites definidos por lei (racismo), e aqueles que lei nenhuma precisa definir, referentes a tal 'vida dos outros', com a qual tanto nos importamos. Disso o bom senso deveria cuidar. Penso com meus botões que o mais importante numa lei proibitiva não é a punição que ela acarreta, mas sim a reflexão sobre a tolerância e o respeito às diferenças. Não vou ser preconceituoso com um negro só porque a lei proíbe o preconceito? Não, de fato, eu não tenho nenhum preconceito com as pessoas de pele negra. O mesmo vale para os gays, deficientes, e etc.
Bolsonaro e Feliciano não são só preconceituosos e ultrapassados, mas são irresponsáveis. "Animam" uma plateia de cidadãos ultraconservadores, que, por sua vez, motiva seus animadores para novas exposições de ódio ao diferente. Um círculo vicioso.
Para eles, pensar, nem pensar.
Acredito, sinceramente, que o deputado se enganou na resposta. Mesmo existindo uma grande possibilidade de ele ser racista em seu íntimo, não seria idiota a tal ponto de declarar isso em TV aberta para milhões de telespectadores, sabendo da punição que o crime de racismo acarreta. Bolsonaro confundiu-se com o tema da pergunta anterior, relacionado a questões homossexuais. Aí ele destila todo seu veneno. Não poupa críticas aos movimentos que pedem direitos ao gays e diz que está se lixando para eles, mesmo alegando, pásmem, não ser homofóbico.
Ok. É o Bolsonaro, quem tá acostumado com ele, não se espanta. Mas eis que surge o Deputado/Pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Numa demonstração de toda sua grande sabedoria antropológica e do surgimento dos povos humanos, ele disse que, aspas: "Africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé. Isso é fato.", mais: "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc", e pro raciocínio ficar redondinho: "a maldição q Noe lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, dai a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Mas alegrai-vos, povo africano, porque tudo se resolve através da conversão!
O iluminado também disse que gays tem "podridão de sentimentos", que "levam ao ódio, ao crime e à rejeição". Mas não se engane, irmão e irmã, porque o deputado afirmou com todas as letras que é cristão, e ama os gays. Assim como o Bolsonaro, ele não é homofóbico. Segue "a risca" o mandamento de Jesus, que nos orientou amarmos uns aos outros assim como Ele nos amou. Imagino como Jesus deve estar se sentindo bem representado.
A maior tristeza no caso desses dois seres humanos é a quantidade de pessoas que apóiam suas ideias. Tanto Bolsonaro quanto Feliciano foram eleitos com grande quantidade de votos, mas não fica por aí. Na internet, quem repara nos comentários das notícias envolvendo as duas figuras, percebe a quantidade de apoiadores, alguns inclusive sugerindo que Jair Bolsonaro se candidate à Presidência da República. Pobre Brasil.
Não se questiona o direito de livre expressão de ideias, a liberdade de se dizer aquilo que pensamos. Mas existem limites pra tudo. Existem os limites definidos por lei (racismo), e aqueles que lei nenhuma precisa definir, referentes a tal 'vida dos outros', com a qual tanto nos importamos. Disso o bom senso deveria cuidar. Penso com meus botões que o mais importante numa lei proibitiva não é a punição que ela acarreta, mas sim a reflexão sobre a tolerância e o respeito às diferenças. Não vou ser preconceituoso com um negro só porque a lei proíbe o preconceito? Não, de fato, eu não tenho nenhum preconceito com as pessoas de pele negra. O mesmo vale para os gays, deficientes, e etc.
Bolsonaro e Feliciano não são só preconceituosos e ultrapassados, mas são irresponsáveis. "Animam" uma plateia de cidadãos ultraconservadores, que, por sua vez, motiva seus animadores para novas exposições de ódio ao diferente. Um círculo vicioso.
Para eles, pensar, nem pensar.
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