sábado, 30 de julho de 2011

Estou a ler José Saramago

Sempre tive a curiosidade de ler algum livro de José Saramago, aclamado escritor português, ganhador do Prêmio Nobel da Literatura. Por obra do acaso, encontrei "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" exposto na Biblioteca da Univali esses dias atrás e peguei para ler.

De cara, o que assusta um pouco é a exigência contida nas primeiras páginas: "Por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em Portugal." Isso porque, como nós tupiniquins não nos expressamos totalmente com as mesmas palavras que os irmãos de língua, fato constatado, convém observar, ser comum para quem faz downloads na internet, perceber as opções de idioma geralmente separadas em Português (Portugal) e Português (Brasil). Desse modo, é útil ler "O Evangelho" acompanhado de um bom (ou ótimo) dicionário.

Começando a leitura, qualquer leitor que estiver atento vai perceber que alguma coisa habitual está faltando. Uma só não, mas algumas. Um ponto final, sim, um ponto que termine um oração e comece outra, geralmente demora a aparecer. Saramago tinha um estilo próprio e diferente dos demais escritores. Construía suas orações/frases separadas por vírgula, ou, caso eu esteja enganado na análise sintética, construía orações gigantescas.

E não para por aí. Saramago não tinha por costume começar um novo parágrafo cada vez que a ideia do último seguia um novo foco. A essa função ficou encarregado o ponto. Nas muitas vírgulas e poucos pontos que se formaram os grandes parágrafos.

O que mais dificulta a leitura, porém, é o fato de que os diálogos entre os personagens acontecem também separados apenas por vírgulas. Quer saber quando alguém está falando? Uma letra maiúscula denuncia. Quer saber QUAL dos personagens está falando? Uma nova letra maiúscula vai lhe mostrar que um terminou a fala para o outro começar a dele. Nada de nova linha, parágrafo, travessão, e aquilo tudo que você aprendeu na escola. Esqueça. Ou melhor, não esqueça, por que você não é José Saramago.

Uma coisa é certa: pra quem gosta de frases de efeito, "O Evangelho" é um ótimo livro. Saramago sabia usar as palavras, era gênio mesmo, não tem como duvidar. A dúvida, aliás, é uma constante, caso você, como eu, acredite em Deus e seja cristão. Está aí outro ponto, o que mais causou polêmica do livro de Saramago: a versão da história de Jesus Cristo, totalmente diferente daquela que estamos habituados, a que se encontra na Bíblia Sagrada.

Saramago, comunista e ateu, usou a razão nua e crua para contar a vida de Jesus, uma visão própria da época, de tempos e costumes longínquos, com a qual se torna difícil acreditar nos pormenores românticos e sentimentais presentes na Bíblia. Maria, por exemplo, é vista como uma mulher submissa e constantemente inferiorizada, até pelo próprio filho Jesus. E ironizou a figura de Deus, criando uma espécie de tirano onipotente, onisciente e onipresente.

Certeza temos nesta vida que a morte virá, e também que mexer com religião é arrumar encrenca. Logo, Saramago havia conquistado a inimizade de peso da Igreja Católica. Mas vale a pena ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", talvez até pelo último motivo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Comparação de aberturas - "O Astro"

Estreou ontem a "novela das 11" da Globo, O Astro. Como a primeira versão já passou faz um bom tempo, muita gente não sabe que se trata de um remake. Em 1977, Francisco Cuoco era "o astro" da novela de Janete Clair, vivido hoje por Rodrigo Lombardi.

Abaixo, a abertura de cada versão, com a feliz ideia de repetir a música de João Bosco, Bijuterias. É claro, nem se comparam os efeitos especiais, mas ambas são bonitas, e a nova certamente é uma das melhores do ano. Faltou um destaque maior para o nome da autora, a "Nossa Senhora das 8" Janete Clair.

O Astro (1977)



O Astro (2011)